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Professor, Advogado, Especialista em Direito Constitucional pela Escola Paulista de Direito, Pós Graduado em Direito Constitucional e Administrativo, sócio fundador da Peres e Almeida Advogados Associados, sócio fundador da Bait Iehuda Condomínios, Membro do GEA - Grupo de Estudos Avançados do Complexo Jurídico Damásio de Jesus, fundador e Conselheiro Vitalício do IPAM - Instituto Paulista dos Advogados Maçons

sexta-feira, 4 de março de 2011

Shabat shalom - Pecudê

Este é o portal para o Eterno; os justos entrarão por ele

Nas próximas semanas comemoramos duas festas: Purim, quando os judeus se libertaram de Haman e da ameaça de extermínio na Pérsia; e Pessach, quando fomos libertados da escravidão no Egito. Como preparação para este período, temos, antes de Purim, Shabat Shecalim e Shabat Zachor; e antes de Pessach, Shabat Pará e Shabat Hachódesh.

Estamos em Shabat Shecalim, quando lemos na Torá (Ex.30:11-16) quando Deus ordenou que Moisés recenseasse os israelitas: ao ser contado, cada um deve doar meio shekel para os serviços no Ohel Moêd, a Tenda da Reunião. Nem os ricos devem doar mais, nem os pobres devem doar menos. Cada pessoa tem o mesmo valor diante de Deus.

Construir ou não construir portões, eis a questão

Nos grandes centros urbanos, portões com guaritas fazem parte do dia a dia e nem nos questionamos mais sobre a sua necessidade. Guardas armados, câmeras internas e grades eletrificadas protegem casas e instituições 24 horas por dia. O motivo justificado é a segurança. Imaginamos que quanto mais vemos quem se aproxima, mais seguros estamos.

Por outro lado, os temores de assalto ao patrimônio aparentemente não eram uma preocupação para Moisés. A leitura da Torá desta semana, a última do livro de Shemot (Êxodo), relata a prestação de contas de uma riqueza de materiais para construção do Mishcán, O Santuário do Testemunho. Foram 29 talentos e 730 shecalim, uma tonelada, só de ouro puro, além de três toneladas de prata e mais uma infinidade de metais, madeiras e tecidos preciosos. Ao final, podemos imaginar que Moisés disporia centenas de guardas em suas guaritas para proteger o pátio em torno do santuário. Não. Foi colocada uma tela no portão do pátio e é só. Assim Moisés deu a obra por terminada.

O que se ganha ao construir um portão com guarita?

No Talmud (Baba Batra 7b) lemos uma história que mudará o nosso foco. Havia um bondoso homem que conversava todo dia com ninguém menos do que Eliahu, o Profeta Elias. Um dia ele construiu uma guarita no portão de sua casa - e desde então Eliahu deixou de falar com ele. Por quê? Eliahu não entendia que era mais seguro conversar em casa, protegido por um guarda? Não. Para Eliahu a guarita não servia para evitar ladrões, mas para impedir a vinda dos mais pobres. A guarita evitava o cumprimento da tsedacá, ajudar ao próximo no momento de sua necessidade.

A Casa de Deus tinha diante de seu portão somente uma tela, sem guaritas nem guardas. Eram outros tempos... Mas enfim, terminada a obra, a glória de Deus preencheu o Santuário na forma de nuvem. Nem Moisés podia entrar lá nesta hora, porque o Divino não deixava lugar para mais nada. Deus nos deixou de fora. Talvez para sentirmos na pele o que é estar no lugar do outro que vem pedir auxílio no momento de necessidade, mas que fica do lado de fora de portões e guaritas. Somente quando o Divino, na forma de nuvem, eleva-se acima do espaço sagrado é que os filhos de Israel podem "entrar pelo portão" e seguir suas jornadas. O portão permite o encontro. Deus abre espaço para entrarmos, conversarmos com Eliahu e com todos, e seguirmos nossas jornadas. “Este é o portal para o Eterno; os justos entrarão por ele”. (Salmos 118:20)

Shabat shalom, de Jerusalém
Uri Lam
Congregação Israelita Paulista

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