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Professor, Advogado, Especialista em Direito Constitucional pela Escola Paulista de Direito, Pós Graduado em Direito Constitucional e Administrativo, sócio fundador da Peres e Almeida Advogados Associados, sócio fundador da Bait Iehuda Condomínios, Membro do GEA - Grupo de Estudos Avançados do Complexo Jurídico Damásio de Jesus, fundador e Conselheiro Vitalício do IPAM - Instituto Paulista dos Advogados Maçons

sexta-feira, 17 de dezembro de 2010

"Shabat Shalom"

Vaiechi
Conteúdos e funções da bênção

Qual é a função de uma bênção? O que deveria conter? Quem pode elaborar uma bênção? O que pode conseguir uma bênção?

A vida religiosa dá a entender que pedimos normalmente a bênção de Deus e, mesmo assim, nós próprios pedimos muitas vezes o que gostaríamos que esta incluísse. Assim, pedimos a bênçãos de saúde, de sustento, de conhecimento e sabedoria, de amor e paz.

Porém, o próprio Deus estabelece já no caso do primeiro hebreu, Abraão, que ele mesmo seja a bênção para o seu entorno, que cumpra a sua missão e se torne bênção. Ou seja, ao desenvolvermos nossas faculdades, tornamo-nos bênção para aqueles com quem compartilhamos o mundo. A bênção nesse caso teria três momentos: a) o pedido, o sonho, a necessidade; b) a descoberta de que ela se encontra, pelo menos em parte, dentro de nós mesmos; c) a realização por nós mesmos do conteúdo da bênção através da realização de nossa própria essência. Ou seja, visualizamos uma necessidade, um desejo, e o pedimos; descobrimos que o pedido tem tudo a ver conosco assim como sua realização, nós o realizamos e nos tornamos nossa própria bênção.

A bênção é de algum modo uma revelação em várias dimensões: revelação de nós mesmos, de nossos sonhos, necessidades e capacidades, de nosso vínculo com a divindade mais como uma orientação com respeito a nós mesmos do que como um diálogo entre uma parte que pede milagres e outra que os concede. Desse ponto de vista, o conteúdo de uma bênção pode ser elaborado pelo próprio destinatário ou por alguém que saiba captar sua essência, uma vez que sua função é principalmente revelar a necessidade e ao mesmo tempo a capacidade.

Na parashá, o terceiro e último patriarca, Jacó, em seu leito de morte, despede-se de seus filhos e netos com bênçãos individualizadas, uma para cada um. Uma análise detida das palavras das respectivas bênçãos mostra um formato que inclui encorajamentos, críticas e esperanças. Jacob fala do bom que tem cada filho, do pendente que há de ser melhorado e sua esperança expressa de que consigam a melhor realização de ambas, críticas e esperanças.

Ambivalências da força

Especialmente estranha resulta ser a bênção a Shimon e a Levi. Jacó mostra nelas que guardou uma conta pendente com esses dois filhos pelo affaire da irmã Dina. Como sabemos, Dina havia sido maltratada pelo filho do rei de Shechem que logo pediu para se casar com ela, mas Shimon e Levi estabeleceram a condição de que ele e todo o povo deveria antes se circuncidar. Eles aceitaram e em meio à convalescência foram brutalmente atacados. Jacó alude à imensa força deles em vários aspectos, critica-os ferozmente na bênção pelo mau uso da força, diz que não quer ter parte nem vínculo nenhum, mas ao mesmo tempo pede para serem distribuídos por toda a nação. Os sábios se perguntam se no fim das contas Jacó valorizava positiva ou negativamente a força deles. O rabino S.R.Hirsch, do século XIX, propôs que Jacó estabeleceu uma dupla mensagem a respeito desta força, uma vez que a força em si tem aspectos diversos, especialmente a força de uma nação. Segundo ele, a mensagem não era apenas para seus dois filhos e sim para as gerações futuras de Israel. Desenvolver força e coragem quando estivermos nas diásporas e formos minorias, para não perder nossa dignidade; e desenvolvermos os freios de nossas forças quando estivermos na nossa terra, Israel e formos maioria, para conservarmos nossa humanidade diante das minorias.


Shabat shalom,
Rabino Ruben Sternschein
Congregação Israelita Paulista

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