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Professor, Advogado, Especialista em Direito Constitucional pela Escola Paulista de Direito, Pós Graduado em Direito Constitucional e Administrativo, sócio fundador da Peres e Almeida Advogados Associados, sócio fundador da Bait Iehuda Condomínios, Membro do GEA - Grupo de Estudos Avançados do Complexo Jurídico Damásio de Jesus, fundador e Conselheiro Vitalício do IPAM - Instituto Paulista dos Advogados Maçons

sexta-feira, 26 de novembro de 2010

Vaieshev
Sonhos e interpretações

O que são os sonhos? Como funcionam? O que dizem com respeito à realidade? Existem diversas teorias. Alguns sustentam que os sonhos são restos da experiência vivida durante o dia e simplesmente retratam como essa experiência ficou registrada na emoção da pessoa, sem barreiras, às vezes sem leis de coerência, a partir de livre associação. Nos sonhos juntamos pessoas que não se conhecem, paisagens distantes umas das outras, tempos afastados uns dos outros, conforme as relações que têm para nossas emoções. Os sonhos assim podem nos mostrar as expectativas que temos, medos e desejos. Outros acreditam que os sonhos são revelações mesmo, que vêm de outras esferas, e através deles voltamos a viver mesmo o passado; vivemos um futuro possível ou preciso; e também opções que nunca aconteceram nem acontecerão na realidade física. É outra dimensão de realidade, talvez não menos verdadeira, embora menos concreta.

Na parashá, José sonha o que se realizará anos mais tarde e revela nos sonhos dos demais o que acontecerá em breve. Os comentaristas se dividem em três a respeito da capacidade de ver as verdades históricas de José através dos sonhos.

1) Deus revelou a José a verdade escondida na metáfora do sonho. O sonho é profético e precisa de um decodificador.
2) José sabia os segredos da corte real e ouvira o que aconteceria. Ele simplesmente colocou a informação que obtivera dentro da metáfora do sonho. Sem magias, nem místicas, nem interpretações. Simplesmente com astúcia e sabedoria diplomática.
3) José tinha uma intuição psicológica muito aguçada, com uma profunda sensibilidade para compreender o próximo, e através do sonho sentia a pessoa e a entendia. Os sonhos não são senão o que vibra no fundo da alma da pessoa. O que se apresenta nos sonhos é a profundidade do coração.

Belezas interiores e exteriores em diferentes circunstâncias

José era bonito de atitude e de aspecto, diz o texto. Os sábios se detêm na diferenciação. Uma é a beleza física e outra é a beleza do espírito. Uma é a beleza do corpo, externa; a outra é a que se reflete no comportamento, é a estética da ética. Esta segunda é a que nos leva a dizer muitas vezes “que lindo gesto”, “que linda personalidade”, “que lindo pensamento”. José conta a verdade de seus sonhos a seus pais e irmãos, assim como também conta a verdade sobre as fracas atitudes dos irmãos para seus pais. Porém junto à virtude da verdade, ele tem o defeito da insensibilidade para com o outro. José começa seu percurso com transparência, mas também com arrogância e encerrado apenas em seus próprios interesses. Só mais tarde, quando estiver no fundo do poço, experimentará a humildade necessária para ver os demais e reconhecer as expectativas deles. Assim rechaçará a sedução da mulher de Potifar, o amo que deu tudo para ele; e rejeitará de si a arrogância de crer que pode tudo, que tudo lhe pertence e que só ele conta. Inclusive dirá que sua sabedoria não é dele, não é mérito próprio e sim um presente da vida e de Deus. Reconhecerá que tudo é produto de vários, que tudo o que acontece convive com vários fatores e várias pessoas. Apenas então José entenderá o seu lugar único e ao mesmo tempo pequeno e relativo. Nesse momento será definido como belo de atitude e não apenas de aspecto.

Presença Divina na desgraça?

A cada passo da vida de José o texto fala que Deus estava com ele. É imprescindível perguntar-se qual é o significado dessa frase nos momentos de desgraça de José. Onde estava a Presença Divina na vida de José quando este sofria por ter sido jogado no poço por seus irmãos, quando foi sido vendido como escravo, quando foi posto na cárcere por um crime que não cometeu? Alguns dirão que Deus evitava em cada circunstância que esta fosse pior do que podia ser: para que José saísse rapidamente do poço, que fosse vendido para um bom amo, que no cárcere tivesse as melhores condições. Segundo esta ideia, a Presença Divina não muda a história feita pelos homens, mas apenas cuida deles no decorrer desta história. Cuida deles mesmos, cuida para que os homens não consigam usar a sua liberdade a fim de cometerem danos maiores contra si mesmos. Essa interpretação seria difícil de aceitar diante da Shoá, da Inquisição e de desastres naturais. A menos que digamos que o cuidado de Deus consiste em acompanhar a pessoa na desgraça, no enfoque em lidar com ela, mas não em intervir física ou ativamente nos fatos. Outra explicação diz que a Presença Divina consiste no significado que conseguimos tirar ou dar às diversas experiências que vivemos, boas e más. A Presença Divina é o significado e a prova que se nos apresenta através de cada momento de felicidade e de angústia, de sucesso e de desgraça.  “Deus estava com José” para fazer com que ele tire o melhor de cada oportunidade de vida e não apenas viva.

Shabat shalom,
Rabino Ruben Sternschein

Shabat Shalom!!!
Iehuda Henrique Peres

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